Se tem uma coisa que eu queria ter era um botão de reset.
Deu merda? Reset na porra toda.
Essa parada de sentir, de crescer, de que a dor é o que nos eleva... blah... Pode até ser, mas eu ainda queria o meu botão reset para não ter que passar por isso toda vez.
O único problema do reset é que ele limpa todas as memórias... e eu sou apegada as memórias, como boa canceriana. É isso que me paralisa. Saber que esqueceria também as coisas boas, as risadas, os sorrisos, abraços, beijos, carinhos. Os olhares. Pra mim o mais importante são os olhares. O olhos dizem tudo aquilo que o indivíduo nem sabe ainda que sente. E quem sabe ler os olhos, entende o que não cabe nas palavras. Mas isso pode ser um defeito. Porque ver o que o outro ainda não sabe, ou não quer saber, é uma invasão. Uma injustiça para os dois lados. Para o ser invadido é uma injustiça o fato de alguém ter acesso ao que de mais íntimo existe. Para o invasor a injustiça é que saber das coisas não faz com que elas passem a ser verdades vividas. Aí se fica preso no que poderia ser se o outro entendesse.
Veja bem que a vida é de escolhas. Se uma pessoa escolhe não ver, não sentir, não saber, não se permite viver aquilo, é uma escolha e deve ser respeitada.
Difícil, injusto e possivelmente surreal. Mas e daí? Cada um com a sua escolha. E com a sua resposta.
Por isso que eu disse que queria um botão de reset, assim no passado do verbo querer. Porque parando para pensar, eu jamais escolheria resetar as coisas que eu vivi. É tudo aquilo que posso chamar de meu. E por mais doloroso que seja em alguns momentos, ainda é meu.
Tudo é uma questão de escolha. Tudo.
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